Todo dia, uma nova oportunidade de…?

É claro que todo dia que se inicia é uma nova oportunidade de começar algo, recomeçar, fazer diferente. No entanto, às vezes, não estamos bem para dar esses pontos de partida. Pode ser criada mais uma cobrança interna de ter que produzir, agir…

Atualmente, estamos vivendo a famosa “correria”. Muito trabalho, compromissos, cobranças. Com o avanço da tecnologia, onde praticamente tudo o que fazemos está na nossa mão, no nosso celular, onde tudo se resolve rapidamente, com uma resposta, um post, uma solicitação, estamos nos acostumando com que as coisas tomem uma velocidade rápida. Até mesmo quanto ao trabalho, que antes tinha um local e horário próprios, hoje trabalha-se no celular, seja levando trabalho para casa, ou, trabalhando em casa, ou recebendo notificações em qualquer hora do dia. Tudo isso está se tornando um ciclo de respostas rápidas, onde as pessoas estão se obrigando a ter que produzir algo sempre, se não, sentem que estão perdendo tempo. Estamos perdendo a habilidade de ter paciência. Existem muitas coisas na vida que dependem de tempo, espera, e é assim também em nosso interior. Não nos curamos rapidamente de uma ferida, não resolvemos rapidamente as mágoas. Cada vez mais, chegam nos consultórios pacientes querendo resolver logo sua situação. Estamos mal-acostumados, estamos sempre “correndo”.

Por isso, todo dia é uma oportunidade sim, mas, por vezes, é uma oportunidade de sentir, viver, de parar, de respirar – saber que dias ruins existem, que a tristeza existe, e você pode senti-la, você tem todo o direito. Às vezes, tentar resolver questões internas rapidamente pode criar novas questões.

Que tal ser mais gentil consigo, e respeitar o seu tempo?

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A psicoterapia é uma oportunidade de dedicar-se a si mesmo

Usualmente, a psicoterapia tem frequência semanal, com duração de 50 minutos (havendo variações a depender do profissional e do caso). Você já parou para pensar o que são 50 minutos diante de todo o tempo do seu dia, e da sua semana? Você tem esse tempo para si mesmo? Se a resposta é não, acredito termos um “problema”.

Vivemos nossos dias atarefados, dando “check” nas nossas listas de afazeres (ou tentando), vamos a compromissos, ficamos no celular, etc. Claro que muito do que fazemos é muito necessário, seja para nossa saúde, para nossa sobrevivência, para nosso lazer… Porém, não achas justo que tenhamos – também – um momento para que possamos refletir sobre tudo isso que estamos fazendo?

É muito necessário pararmos, desacelerarmos, e refletirmos sobre nossas ações, nossos pensamentos, nossos sentimentos… A terapia proporciona que o sujeito consiga ter esse momento, em um ambiente seguro e sigiloso, com a possibilidade de se escutar, e refletir.

Por isso, dentro de uma agenda repleta de atividades, é muito recomendado um momento para se dedicar a “parar”. Quando digo parar, estou falando em sentar na frente de um psicólogo e, deixando de lado por uma hora a rotina corrida, poder falar sobre o que quiser. Assim, cada vez mais você retornará para sua rotina se sentindo mais forte para enfrenta-la. Poderá entender melhor a si mesmo, e também compreender os outros e as situações da vida. Possibilitará se dar por conta de padrões, e fazer mudanças em sua vida, além de se conhecer melhor e viver com maior bem-estar. Que tal ter tudo isso?

A psicoterapia é uma grande oportunidade de olhar para dentro de você.

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O final de ano e as emoções

O final de ano pode ser repleto das mais variadas emoções. Têm aqueles que estão trabalhando muito mais do que o normal. Têm aqueles que não se sentem bem nessa época do ano, por trazer lembranças que não são boas. Têm pessoas que tiveram um ano muito difícil, e quando chega o final do ano não estão felizes com tudo que ocorreu. Também ocorre a chamada “correria”, onde as pessoas têm tantos compromissos que precisam dar conta, além de compras e organizações para festas de fim de ano e férias. As situações são inúmeras, podem ocorrer todas juntas, e para cada um, é de uma forma. Assim como, têm aqueles que gostam de tudo isso, que apreciam o final de ano e, ainda, conseguem aproveita-lo ao máximo.

Por isso, é importante que cada um acolha o que sente. Ninguém é obrigado a estar feliz nessa época do ano. Também, ninguém precisa sempre passar esse período triste ou estressado. De fato, cada um precisa conhecer-se e entender o que o final de ano lhe provoca e pensar em maneiras de passar por isso de uma forma melhor, ou pensar se existem feridas a serem curadas, ou se precisa de um profissional para lhe ajudar.

De qualquer forma, não é necessário se cobrar se seu final de ano está sendo difícil. Tente fazer aquilo que consegue e aprenda a dizer “não” quando necessário. Saiba quando é a hora de desacelerar. Também, mesmo tendo tido um ano complicado, lembre-se do quanto foi forte e o quanto evoluiu.

A virada de ano pode ser uma oportunidade de reflexões. Pensar no ano que passou ajuda a elaborar questões, e pensar nos objetivos para o próximo trazem motivação para o futuro. Que tal refletir e acolher seus sentimentos, sendo gentil consigo mesmo?

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Dores sem causa orgânica

Frequentemente, na clínica, nos deparamos com pacientes queixosos de dores onde não se encontra uma causa orgânica. Isso nos leva a pensar sobre o quanto o nosso psiquismo pode gerar dores em nosso corpo físico.

As dores agudas são muito conhecidas por todos nós, mas podem tornar-se crônicas, e serem um problema na vida diária do indivíduo, influenciando na rotina, no trabalho, nos relacionamentos.

Falar sobre “dor” pode ser muito complexo. A própria IASP (Conselho da Associação Internacional para o Estudo da Dor), realizou uma força-tarefa em 2018 para revisar o conceito de dor que era de 1979, e, em 2020, conceituou o fenômeno como: “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial” (DESANTANA et al., 2020, p. 197).  Conforme os autores, tal conceito abrange as mais variadas experiências de dor, sua diversidade e complexidade, abarcando tanto dores agudas quanto crônicas, aplicável a todas as condições de dor, a humanos e animais e definida pela perspectiva da pessoa que sente a dor.

A definição utilizada atualmente pela IASP considera a multidimensionalidade deste fenômeno. Portanto, ao pensar em dor, automaticamente precisamos pensar no ser humano como um todo, contemplando seus aspectos físicos e psíquicos.

A dor é uma experiência totalmente pessoal, e é influenciada por fatores multidimensionais. As pessoas aprendem o que é a dor de acordo com suas vivências durante a sua vida. A dor que é sentida pelo indivíduo pode ser difícil de ser mensurada e avaliada.

Na minha forma de trabalhar, considero sempre o papel da área médica, primeiramente. É necessária uma investigação nesse sentido. Caso não se localizem causas biológicas, busco, com acolhimento e compreensão, ajudar o indivíduo a compreender a origem de seus sintomas, objetivando uma melhor qualidade de vida. Assim, no manejo de dor, é crucial pensarmos sobre a mente e corpo como um sistema único.

Referência:

DESANTANA, Josimari Melo et al. Definição de dor revisada após quatro décadas. BrJP, v. 3, p. 197-198, 2020.

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Retrospectiva 2024: As Olimpíadas e o lembrete sobre o cuidado com a saúde mental

Esse ano, felizmente, muito se falou sobre saúde mental. Foi um assunto que ficou em alta principalmente com as Olimpíadas de Paris. Tivemos muitas medalhistas que disseram em suas entrevistas sobre a importância de terem investido em sua saúde mental para que pudessem estar realizando suas conquistas.

Destaco as medalhistas olímpicas Rebeca Andrade, Simone Biles, e Rayssa Leal. Todas elas afirmaram o quanto fez diferença em suas vidas terem feito terapia, com enfrentamento de seus traumas, medos, lidarem com expectativas, e, principalmente, sobre a prioridade voltada ao seu bem-estar, entendendo seus limites.

Rebeca Andrade afirmou que faz terapia desde os 13 anos e, com muita firmeza, afirma que fica muito feliz por todos estarem torcendo por ela, mas que faz o melhor dela por ela mesma. “Se eu não estiver feliz, não vale a pena”, afirmou em entrevista. Após as olimpíadas de Tóquio em 2020 ela também havia afirmado que somente ganhou medalhas pois soube manter sua mente e corpo em equilíbrio. Ela aprendeu que não precisa suprir as expectativas de todos, e trabalha para dar o seu melhor, mas sem se pressionar tanto.

Assisti ao documentário de Simone Biles, que mostra todo o sofrimento que passou em sua carreira, sentindo muita pressão e, com isso, tendo bloqueios mentais ao executar movimentos da ginástica. Ela decidiu abandonar as olimpíadas de Tóquio no meio da competição, colocando a sua saúde em primeiro lugar, afinal, o que estava ocorrendo poderia lhe causar um acidente grave.

Rayssa Leal, após sua medalha de bronze no Skate nas olimpíadas de Paris 2024, também revelou que faz terapia duas vezes por semana para poder lidar com tudo que ocorre em sua vida, reconhecendo que é uma adolescente e que isso é muito importante.

Diante de tantas expectativas criadas pelas pessoas em torno dessas atletas olímpicas, elas são exemplos do quanto todos temos falhas e medos, e que buscar ajuda de um profissional de saúde mental pode ter muitos benefícios.

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Retrospectiva 2024: As enchentes no estado do Rio Grande do Sul e o luto coletivo

Em maio de 2024, o estado do Rio Grande do Sul, onde eu moro, foi atingido pela maior enchente da sua história. Atuei como psicóloga voluntária em abrigos e vi de perto a situação de muitas pessoas que tiveram que deixar suas casas, deixar muito para trás…

Vi, também, muitas pessoas realizando trabalho voluntário, que tomou conta de toda sua rotina, e que estavam ficando exaustas. Em uma tragédia desse tamanho, o que os gaúchos viram e vivenciaram foi um momento de grande mobilização, solidariedade, e, também, um luto coletivo.

Luto, por perder sua casa, seu bairro, até mesmo sua cidade. Luto, por perder a segurança de um lar. Luto, por perder pessoas e animais no meio da água. O nosso mundo presumido – lugares que vamos todos os dias, onde comemos, estudamos, trabalhamos – mudou de um dia para outro. Esses lugares estavam inundados. A dor foi de cada um, dependendo do que passou, mas foi, também, uma dor coletiva. Uma dor compartilhada, uma tristeza inimaginável.

Na primeira fase do desastre, foram necessários os chamados primeiros socorros psicológicos, um acolhimento, tentando prover a pessoas que estavam muito vulneráveis aquilo que precisavam naquele momento inicial (apoio, remédios, roupas, …). Depois, veio o momento em que as pessoas iriam retornar para suas casas e enxergar a realidade – casa destruída, casa com possibilidade de reconstrução, … Foi necessário o apoio psicológico a essas pessoas, visto que cada um iria reagir a nova realidade de uma maneira, dependendo de seus recursos (financeiros ou psicológicos).

Passadas essas fases, ainda continuei realizando atendimento gratuito para quem passou pelos eventos. Foi necessário acompanhamento de pessoas que vivenciaram essa tragédia e que poderiam ficar com traumas. Muitos viveram eventos estressores, ou seja, foram expostos, de forma direta ou não, a um ou mais episódios de ameaça de morte, lesão física, perdas – situações potencialmente traumáticas. Reações muito comuns, como medo, choque, desorientação, confusão de pensamentos, náusea, fadiga, entre outros, ocorrem nos primeiros dias e semanas, mas devem, com o passar do tempo, diminuir ou cessar.

Dependendo das vulnerabilidades preexistentes, do grau de exposição aos eventos estressores, entre outras, algumas pessoas podem continuar apresentando reações e podem desenvolver transtornos mentais, tais como o TEPT – transtorno do estresse pós-traumático.

Por isso, para que o indivíduo atravesse por essa situação de uma maneira melhor, foi necessário o apoio psicológico e um acompanhamento. O trabalho do psicólogo foi e ainda é de grande valia para a tragédia do Rio Grande do Sul.

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Obstáculos na psicoterapia

Iniciar a psicoterapia, por si só, já é um ato que pode gerar bastante resistência. Medo do desconhecido, insegurança, falta de motivação, questões financeiras, entre outros, podem dificultar a procura de muitas pessoas à psicoterapia.

Passada essa barreira, existe ainda, a dúvida sobre qual psicólogo escolher. Diferentemente de outros profissionais, para a psicoterapia incorrer em benefícios, não basta apenas escolher um psicólogo e comparecer à consulta. É preciso que algo valioso ocorra: o vínculo terapêutico.

Além dessa conexão, outros fatores influenciam em um bom processo terapêutico, tais como: abordagem terapêutica, modalidade escolhida, especialidade para algum tipo de tratamento.

Não raro, ocorre o fato de pacientes não gostarem de sua terapia, e desistem em certo momento, achando que “não funciona”. No entanto, como são necessários muitos fatores em associação para uma boa terapia, é recomendado que o paciente continue buscando outras opções, pois existem muitas formas de trabalho dentro da Psicologia.

A Psicologia é uma ciência que pode ser praticada em diversas abordagens, e cada psicólogo utiliza-se de alguma linha para guiar o seu trabalho psicoterapêutico.

Minha abordagem é a Psicanálise, na qual faço especialização atualmente, e na qual me identifico.

“Ela lhe ensina a flexibilidade de voltar a si, de aí se descobrir estranho a si próprio, de se ver de forma diferente e de sentir seu mal-estar de outra maneira”. (Nasio)

A psicoterapia de orientação analítica possibilita acessar e descobrir aspectos sobre si mesmo, em profundidade. Permite criar um espaço de escuta atenta, oportunizando a fala livre do paciente, trazendo dores, angústias e fatos, que, aos poucos, trazem à tona descobertas, reflexões, e maior compreensão de sua vida. Permite ajudar o indivíduo a encontrar dentro de si recursos para lidar com os diversos acontecimentos, a levar uma rotina mais livre e espontânea.

É normal você não se sentir completamente confortável no início de sua terapia, afinal, pode ser difícil esse processo. Mas, se com o tempo, você não se sente bem continuamente e não tem confiança no profissional, não há problema em trocar de psicólogo.

Também, o momento de vida que você se encontra, entre outros fatores, podem se encaixar melhor em outra linha terapêutica. Em vez de desistir da terapia por não ter gostado, lembre-se que são vários fatores em questão, então, é ideal que continue.

Apenas encontre aquele profissional e abordagem que te trarão os resultados que procura!

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Fazer psicoterapia é um sinal de coragem

Já parou para pensar na quantidade de vivências que teve e tem em seus dias, que envolveram momentos de inúmeros sentimentos, angústias, inconstâncias, contradições? A nossa vida é repleta disso, de forma contínua. Somos invadidos de questões o tempo todo ao nosso redor e dentro de nós. Muitas vezes, não paramos para refletir, são coisas que vêm e vão de forma automática. Vamos “acumulando” tudo isso sem parar por um momento.

A Psicoterapia é a oportunidade de parar. É a possibilidade de reservar um tempo da semana para si mesmo, para se olhar, para refletir, relembrar, rever, compreender, respeitar, … É abrir o caminho para encontrar em si recursos para lidar com as dores, incômodos, sintomas.

Falar sobre questões difíceis, que muitas vezes não sabemos nem como explicar, gera desconforto. É preciso ter coragem para decidir embarcar nessa jornada, encarando a si próprio, aceitando e modificando. Não precisamos ser fortes o tempo todo. Saber reconhecer quando se precisa de ajuda é um ato de autocuidado.

O processo psicoterapêutico ocorre através da relação entre psicólogo e paciente, que é pautado na confiança, no vínculo e no sigilo. Através de uma escuta qualificada, o profissional proporcionará um ambiente acolhedor e empático, sem julgamentos. O paciente fica convidado a contar sobre o que quiser, acessando diversas partes suas, podendo debruçar-se sobre suas histórias e compreende-las, reconstituir fatos e memórias, entender emoções e sentimentos.

Mais do que nos entendermos melhor, a psicoterapia possibilita ampliar nossa visão de mundo, dando outros sentidos aos acontecimentos, ressignificando-os. É possível melhorar os relacionamentos, crescer pessoal e emocionalmente, e obter maiores condições para lidar com as adversidades da vida.

“Não podemos nos curar do que não aceitamos como parte de nós mesmos.” Sigmund Freud

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