Frequentemente, na clínica, nos deparamos com pacientes queixosos de dores onde não se encontra uma causa orgânica. Isso nos leva a pensar sobre o quanto o nosso psiquismo pode gerar dores em nosso corpo físico.
As dores agudas são muito conhecidas por todos nós, mas podem tornar-se crônicas, e serem um problema na vida diária do indivíduo, influenciando na rotina, no trabalho, nos relacionamentos.
Falar sobre “dor” pode ser muito complexo. A própria IASP (Conselho da Associação Internacional para o Estudo da Dor), realizou uma força-tarefa em 2018 para revisar o conceito de dor que era de 1979, e, em 2020, conceituou o fenômeno como: “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial” (DESANTANA et al., 2020, p. 197). Conforme os autores, tal conceito abrange as mais variadas experiências de dor, sua diversidade e complexidade, abarcando tanto dores agudas quanto crônicas, aplicável a todas as condições de dor, a humanos e animais e definida pela perspectiva da pessoa que sente a dor.
A definição utilizada atualmente pela IASP considera a multidimensionalidade deste fenômeno. Portanto, ao pensar em dor, automaticamente precisamos pensar no ser humano como um todo, contemplando seus aspectos físicos e psíquicos.
A dor é uma experiência totalmente pessoal, e é influenciada por fatores multidimensionais. As pessoas aprendem o que é a dor de acordo com suas vivências durante a sua vida. A dor que é sentida pelo indivíduo pode ser difícil de ser mensurada e avaliada.
Na minha forma de trabalhar, considero sempre o papel da área médica, primeiramente. É necessária uma investigação nesse sentido. Caso não se localizem causas biológicas, busco, com acolhimento e compreensão, ajudar o indivíduo a compreender a origem de seus sintomas, objetivando uma melhor qualidade de vida. Assim, no manejo de dor, é crucial pensarmos sobre a mente e corpo como um sistema único.
Referência:
DESANTANA, Josimari Melo et al. Definição de dor revisada após quatro décadas. BrJP, v. 3, p. 197-198, 2020.
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